sábado, 11 de setembro de 2010

Ana Maria Magalhães


Personagens da colecção "Uma Aventura..."


Personagens da colecção "Uma Aventura..."


Personagens da colecção "Uma Aventura..."


Personagens da colecção "Uma Aventura..."


Isabel Alçada


"Uma Aventura na Quinta das Lágrimas"

Autores:Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada

Ilustrações de Arlindo Fagundes

Editorial Caminho

Colecção Uma Aventura

Recomendado pelo Plano Nacional de Leitura

Apresentação:Esta empolgante aventura desenrola-se na Quinta das Lágrimas. A quinta existe na realidade e fica em Coimbra, perto do rio Mondego. Tem um jardim misterioso e uma fonte muito especial porque nas pedras do fundo há uma mancha vermelha que nada nem ninguém conseguiu apagar. É a marca de um crime antigo e terrível. Quem sabe deste caso não resiste a ir até lá dar uma espreitadela. Foi o que aconteceu às gémeas, ao Pedro, ao Chico e ao João. Tinham participado num encontro desportivo organizado na zona. À despedida reuniram-se com as outras equipas conversando e petiscando à roda da fogueira, ouviram um dos monitores contar a história da mancha vermelha, e resolveram que logo no dia seguinte iriam à quinta ver a tal fonte levando os companheiros Faial e Caracol. Pensavam que seria apenas um passeio divertido mas assim que transpuseram os portões sentiram uma impressão estranha. E mal se debruçaram sobre as águas, começaram os acontecimentos extraordinários. Pouco depois envolviam-se na mais inesperada das aventuras.
Excerto do livro: «Pedro e Chico desceram as escadas pé ante pé, com imenso cuidado para não fazerem barulho. Não encontraram ninguém mas ouviram música ao longe, zoeira de conversas e risos, tilintar de copos, pratos e talheres, o estalido das rolhas que anunciam champanhe.
— Há festa rija na sala de jantar.
— E cheira a bolos. Bolos de creme.
Querendo isolar os sabores. Chico franziu as narinas e enumerou:
— Baunilha, tangerina, caramelo, e... e...
— E figos queimados. O marajá deve achar formidável comer numa sala fechada a respirar aromas do campo.
— Ou então é para o fumo lhe fazer cócegas na língua e abrir o apetite!
Convencidos de que o banquete mantinha toda a gente afastada das traseiras, abriram a porta na maior descontracção e desceram a escada a correr. Logo que puseram os pés no jardim chocaram com o criado particular do marajá que tinham visto na sala de entrada às voltas com a taça de metal onde ardiam pauzinhos amarelos. Hirto como uma estátua, segurava na palma da mão direita uma enorme pedra vermelha de forma oval e saudou-os com sorriso de gato siamês. O que disse fê-los pensar que falava por enigmas:
— Sangue de tigre precisa de lua.
Olharam-no atónitos, e ele e à pedra, que exposta ao luar soltava reflexos cor de fogo.
— Kamil — murmurou o rapaz.
Ergueram então as sobrancelhas numa interrogação muda. Estaria a confundi-los com alguém? Estaria à espera que lhe respondessem usando a "contrafrase" de um código secreto? Mas afinal as explicações eram bem mais simples.
— Chamo-me Kamil — declarou sempre com o mesmo sorriso de gato — trabalho para o marajá e só faço serviços especiais.
Estendeu a palma da mão de modo a colocar-lhes a pedra vermelha bem perto da cara e informou com orgulho:
— Sou eu quem guarda as pedras preciosas e lhes dá tratamento.
— Tratamento? — perguntaram ambos em coro.
— Sim. Cada pedra preciosa contém a sua força natural, mas é preciso renová-la, senão perde-se.
O diálogo inesperado prendia-os. E o facto de o desconhecido aceitar com naturalidade a presença deles afastou o nervosismo. Se pensava que faziam parte do pessoal do hotel, podiam satisfazer a curiosidade e depois sair calmamente.
— Isso é um rubi? — perguntou o Pedro. — É, sim — disse Kamil — o mais famoso do mundo. Pertence à família do marajá desde a noite dos tempos.»
(in Uma Aventura na Quinta das Lágrimas, pp. 54-55)